segunda-feira, 20 de julho de 2015

CATEDRAL DIOCESANA DE LAGES . Tudo feito a mão, período 1910 a 1920.






Os três sinos vieram da Alemanha e custaram 30% de todo o valor da obra. Daquele país europeu também vieram as decorações internas, altares, bancos, confessionários e as imagens. Em 24 de dezembro de 1920, foram batizados os três sinos. O maior recebeu o nome de Cristo Salvador (tom “mi” da escala musical), pesa 1.520 Kg e o badalo 87 Kg. O médio foi nomeado como Santa Maria (tom “sol”), pesando 920 Kg e obadalo de 66 Kg.


 O menor se chama São Francisco (tom “lá”), que pesa 610 Kg, com badalo de 48 Kg. De acordo com o professor e músico Nelson Bunn,(I.M.) esses três tons equivalem às três primeiras notas da entoação de “Te Deum” (latim): “Esta é uma música antiga, que quer dizer ‘A Ti Deus louvamos´, que é a tradução latina. A canção é greco-romana. 



Em 1768, Lages foi elevada a paróquia, sob o patrocínio de Nossa Senhora dos Prazeres e confiada aos padres diocesanos. A partir de 1891, a paróquia foi atendida pelos padres franciscanos, que também assistiam pastoralmente Campos Novos, São Joaquim e Curitibanos; mais tarde, assumiram as providências de organização da nova Diocese. Permaneceram na Catedral até o ano de 1971 quando a paróquia novamente passou ao clero diocesano.

A devoção a Nossa Senhora dos Prazeres em nossa região, é tão antiga quanto o início de nossa cidade. A pedido do então governador de São Paulo, D. Luiz Antônio de Souza Botelho Mourão o Capitão-Mor Regente do Sertão de Curitiba, Antônio Corrêa Pinto de Macedo, iniciou uma povoação e capela dedicada a Nossa Senhora dos Prazeres, em 1766. A ordem de D. Luiz dizia o seguinte: 
“Porquanto tenho encarregado ao Capitão-Mor Regente Antônio Corrêa Pinto várias ordens, cujas substâncias de fundar uma povoação no sertão de Curitiba na passagem chamada das Lagens, à qual necessariamente se á de por nome para que entre as mais povoações desta capitania se distinga: ordeno ao dito Catitão-Mor Regente que logo que formar a referida povoação lhe ponha o nome de Vila Nova dos Prazeres, e da igreja Matriz da dita povoação será orago Nossa Senhora dos Prazeres, a quem tenho devoção especial por ser minha madrinha, e padroeira da minha casa, e morgado de Mateus de que sou administrador. Assim executará sem dúvida alguma”.



A invocação Nossa Senhora dos Prazeres busca sua origem em Portugal. Trazida pelos portugueses se encontra espalhada de norte a sul do País. O título Senhora dos Prazeres é o mesmo que Senhora da Alegria, Glória, Luz. 
A imagem que se encontra no interior da Catedral Diocesana é de madeira e veio das terras portuguesas. Tanto a Paróquia da Catedral, quanto a cidade de Lages e Diocese possuem Nossa Senhora dos Prazeres como Padroeira. Esta Paróquia foi fundada em 1767, um ano após a fundação do povoado, hoje cidade de Lages.



Situada no planalto catarinense, numa altitude de 900 metros acima do nível do mar, a Villa de Nossa Senhora dos Prazeres, hoje cidade de Lages, é a sede da Diocese do mesmo nome.

Em 1728, foi dada a ordem de traçarem uma estrada do Rio Grande do Sul é Curitiba, no Paraná. Em seguida houve grandes movimentos de tropas. Ao sul de Lages, é a distancia de quatro léguas alguns tropeiros levantaram uma pequena ermida num lugar denominado Cajuru.



Rio Grande, perto situado na entrada da Lagoa dos Patos, tinha sido ocupado pelos espanhóis. Aos 4 de fevereiro de 1765 e então Márquez de Pombal mandou um aviso ao Vice – Rei Conde de Cunha, pedindo ordens para restabelecer a Capitania do Rio Grande do Sul.

Foi nomeado D.Luiz Antonio de Souza Botelho Mourão governador da Referida Capitania, tomando posse a 7 de Abril de 1766, em São Paulo. Tendo recebido ordens terminantes de povoar os sertões bravios da sua Capitania, o novo governador não encontrou mapas nem roteiro nos arquivos do governo. Por este motivou mandou chamar um dos vaqueanos dos sertões brutos, o Guarda mor Antonio Correa Pinto de Macedo, o qual forneceu ao governador um vago esboço daquelas paragens.

O governador resolveu fundar uma povoação “para fazer testa as invasões castelhanas” e fortificar o Rio das pelotas, hoje divisa entre Santa Catarina e o Rio Grande do Sul.

Correia Pinto foi nomeado Capitão Mor Regente. Mudou – se com toda a sua família para aquele inculto sertão, tendo recebido a 9 de julho de 1766 os respectivos documentos. No mês de Agosto o Capitão empreendeu a longa e penosa viagem levando consigo uma imagem de Nossa Senhora dos Prazeres, em pintura, doada pelo Governador, paramentos sagrados e cálices usados pelos padres jesuítas expulsos pela Tirania do Marquês de Pombal.




Aos 22 de Novembro de 1766 Correia Pinto chegou em Lages e no dia 1 de janeiro de 1967 deu inicio á construção da primeira Capela num sitio chamado “taipas”.Mais tarde mudaram a Capela para a margem do Rio das Canoas, trabalhando durante sete meses na criação do povoado. Uma enchente formidável, porem, destruiu toda a obra. Mudaram então, definitivamente, a Capela para a margem do Rio das Caveiras, a pouca distancia do local onde hoje se ergue, soberba e majestosa, a Catedral de Lages um dos mais belos templos do estado, e a jóia do povo Lageano.

Aos 20 de Junho de 1767 chegaram ao povoado das Lages os primeiros franciscanos brasileiros os Revdos. Frei Thomé de Jesus e Frei Manoel da Natividade Teixeira, Religiosos da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Rio de Janeiro, enviados por D. Luiz Antonio de Souza Botelho Mourão, naquela época Capitão General da Capitania de São Paulo, afim de criarem e darem principio a uma nova freguesia com o titulo de Nossa Senhora dos Prazeres, a qual se obrigou a construir e dotar o Capitão Mor Regente Correia Pinto.

O primeiro vigário foi Frei Thomé de Jesus que tomou posse aos 30 de Julho de 1767. Até então Lages fazia parte do Bispado de São Paulo; aos 3 de Maio de 1872 passou a pertencer ao Bispado de Curitiba: com a criação da Diocese de Florianópolis, aos 19 de Março e 1908, ficou pertencendo a referida Diocese.

Possuindo o Estado de Santa Catarina uma só diocese, e sendo essa tão extensa e com numerosa população, que um só Bispo seria insuficiente e em toda a parte exercer o ministério pastoral, sua santidade o Papa Pio XI, resolveu elevar a diocese de Florianópolis á categoria de Arquidiocese e criar duas novas dioceses que são hoje a de Joinville e a de Lages.




Como o Estado, ou província, de Santa Catarina possuia uma só diocese, que é a de Florianópolis, sendo esta tão extensa e com numerosa população que as forças de um só Bispo são insuficientes para perfeitamente e em toda a parte exercer o ministério pastoral Dom Joaquim Domingues de Oliveira, Bispo de Florianópolis, pediu a Sé Apostólica, para aquela região ser dividida em três partes, e nela se erigirem duas novas dioceses. Com este projeto concordou o Núncio Apostólico como também todos desejavam que o Estado de Santa Catarina constituísse uma província eclesiástica, e que Florianópolis, capital do Estado, fosse metrópole da nova província. Assim se manifesta a Bulla: “...determinamos, na plenitude do poder apostólico, decretar para sempre o seguinte: ...em seguida, dividimos o território da mesma diocese em três partes distintas, a uma das que ficara limitada e circunscrita á diocese de Florianópolis, elevada à Sé metropolitana, como abaixo se dirá. Nas outras duas partes, erigimos outras duas novas dioceses que se dominarão de Joinville e de Lages, nomes das cidades que lhes servirão de capitais. Elevamos á dignidade de catedrais com as mesmas invocações e títulos as igrejas dedicadas: ...e a Nossa Senhora dos Prazeres na cidade de Lages” (Dada em Roma, em S. Pedro, no ano do Senhor de 1927, dia 17 do mês de Janeiro, quinto ano do Nosso Pontificado. + O Cardeal O. Cagiano de lai, Bispo de Sabina e Poggio – Mirteto, Secretario da S.C. Consistorial, Chanceller da S.E. Romana). 
 

Construção da Catedral (1° Plano) e Colégio Sta.Rosa de Lima - 1914

Vista Parcial da Cidade de Lages 1915

Primeira fachada do Colégio Sta. Rosa de Lima - 1924
Criada em 1927 foi instalada definitivamente em 18 de outubro de 1929. Daí para frente, a tarefa principal girou em torno da estruturação e evangelização da nova Diocese, estando à sua frente o primeiro bispo diocesano Dom Daniel Henrique Hostin (1927-1973).

As preocupações fundamentais da ação pastoral centravam-se na celebração dos sacramentos, na disciplina, enquanto aplicação das normas jurídicas, na catequese, fortalecendo os conteúdos e verdades da fé católica. Foi um modelo de Igreja fundamentado na “razão”, isto é, a pessoa cristã deveria saber as razões da sua fé, conhecer a doutrina através do catecismo. Este trabalho, embora caracterize uma Igreja hierárquica, juridicista e doutrinal, deu consistência religiosa às atuais comunidades católicas. Foi o tempo da estruturação da Diocese de Lages, que se estendia no planalto, centro e oeste do Estado (1920-1964). Fundou-se o Seminário Diocesano com a finalidade de estimular o ministério do presbítero.

Nos primeiros tempos (1766-1920), expressou-se uma “Igreja Cabocla”. As manifestações religiosas, os cultos e as crenças partiam da intuição da fé afro-luso-brasileira ou cabocla, obedecendo à cultura própria da região e a resistência do povo empobrecido. Ao mesmo tempo, o povo recebia a presença missionária dos padres, que de tempo em tempo, visitavam os povoados e vilas para a celebração dos Sacramentos. Expressões de liderança política e espiritual da Igreja Cabocla foram João Maria de Agostinho, João Maria de Jesus e José Maria, destaques em todo planalto catarinense. Esses “monges” ou “profetas”, como eram denominados pela população, exerceram forte influência sobre essa forma de religião popular. A história conta que andaram pela região, no período de 1870 a 1916.

Parcial da Cidade de Lages - 1927
Até 1926 a Igreja em Santa Catarina encontrava-se organizada numa única diocese, a diocese de Florianópolis. Devido à extensão geográfica e às necessidades pastorais, as primeiras dioceses desmembradas foram Joinville e Lages, com a bula papal “Inter Praecipua” de 1927.
Nos tempos da instalação da Diocese, o modelo de Igreja foi a “Igreja Romana”, ou seja, processou-se a romanização da Igreja, configurada no Concílio de Trento (1535) e nas orientações disciplinares do Concílio Vaticano I (1875).

Chegando o tempo da renovação da Igreja através do Concílio Vaticano II (1962-1965), das Conferências de Medellin (1968), DP (1979), Santo Domingo (1992) e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, apresentou-se o modelo de “Igreja Povo de Deus”, que se aproxima do povo. A Igreja Povo de Deus quer evangelizar esse mesmo povo e ser evangelizada por ele, levando em conta sobretudo a cultura e a realidade.


Fonte revista  Visão e Diocese de Lages 

Nenhum comentário:

Postar um comentário